(Música)
Numa passagem da vida
Trabalhei numa construção
Eu carregava reboque,
Concreto pesado
Em meu coração.
Era xingado de tudo
Por um mocinho de luxo
O filho do empreiteiro
Que não conhece a fome
E nem a falta de dinheiro.
Quando no fim da tarde
Eu ia cambaleando
Rumando para o barraco
Que a enchente ia levando.
Lavava as mãos calejadas
De ferimentos sangrando
Me atirava no chão
De sono me embriagando.
Quatro horas batia
A minha mãe me chamava
Eu me atirava pro canto
Dinheiro não vale nada.
Arranjei então uma nega,
Ela me dava de tudo
Relógio, sapato e meia,
Terno de casimira e
Colete de veludo.
Joinville, 1969