Pobre cão abandonado?
Vem, senta-te ao meu lado
Vamos dividir o pão,
As mágoas e a solidão.
Te tratam de cão errante
E eu, vagabundo e indigente
Não temos leitos, nem parentes
Nem casas, nem jardins
Mas temos só para nós
Um universo sem fim.
Cão amigo e companheiro
Nunca mais irás uivar
Seremos dois forasteiros
Dos que vêm nos humilhar.
E um dia, amigo errante
No túmulo de um importante
Que chamam de marajá
Verão gravado na lápide
Aqui repousa um mártir
Com seu cachorro jaguá.
Canoas, 18/06/98