Meu cavalete inerte e abandonado em um canto, me diz:
__ Eu!
Porque você me abandonou?
Cadê nossas manhãs coloridas?
Onde estão os seus pincéis?
Aquelas misturas de cores?
E as pétalas de nossas flores?
Porque seus dedos estão sem vida?
Porque não fazem mais pinturas?
E estão trancados em ataduras?
__Oh! Cavalete querido.
Com meu coração ferido,
Esqueci-me de você.
Mas foi só por um momento
De lágrimas e sentimento
Que meus olhos se fecharam
E pela dor se afogaram.
Quando eles se abriram
Meus lábios não mais sorriram
Mais o meu pranto cessou.
Hoje sento na varanda,
E te vejo assim empoeirado
Em um canto abandonado
Meu coração fica apertadinho
Meus dedos movem-se devagarinho
Querendo para ti voltar.
Espere mais um pouquinho
Nosso dia vai chegar
Voltará o colorido
A arte, a luz e o brilho
E a imagem de Jesus
Que eu fiz com seu auxílio.
Santo André, 15/06/94