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quarta-feira, 14 de março de 2012

DEVANEIO

PAISAGEM
Réplica
Ao conhecer-te, solitário, sedento e patético
Como quem, ardentemente carente
Passa a fenecer, atroz e mórbido
Eu te amei e venerei.

Te elevei, lutei, te enlacei em meus braços e te amei
Mais que meu coração podia,
Eu te amei
Mais que a mim própria,
Eu te amei.

Te fiz marulhar docemente no balanço de minha paixão
E tu te entregaste comovente a esse amor ardente
Que foi crescendo, aflorando, na mais linda canção.

Embalado pelo amor que eu te ofertava
Tu reinavas, revivias, crescias
E eu te elevava ainda,
O mais alto que podia.

Enquanto subias, tornavas-te soberano, impassível!
Eu temia.
Ao ver-te em devaneios,
Eu que fui teu esteio
Não mais sorria! Decrescia.

Te amando,
Fui sentindo aglutinada,
Teus gorjeios,
Tua fortaleza interminável
A cada degrau de sua subida gloriosa!
Eu descia.

Já me olhavas com desdém, eu te amava e sofria, mas oscilava
A cada subida tua, me desencantava.

Enquanto subias, de mim não mais lembravas
Como um ser mortal, eu chorava.

Finalmente tu chegavas ao mais alto que podia
Era o último degrau.
Te vi nobre em um pedestal.

Comovida, eu assisti a sua queda fatal.
Por amar-te como amei, te fez rei
Te causando tanto mal.


Santo André, 02/09/94