Já rompeu o dia
Estou só e tão vazia
É hora de escrever
Pegue a caneta, sua vadia
Vá, escreva, conta tudo
Para alguém ler um dia.
Mas, só sinto é nostalgia.
Você, caneta! Está inteira
Satisfeita, toda faceira
Dançando sobre o papel
Como bruxa, feiticeira.
Eu estou quebrada, muito quebrada
Mas escreva! De qualquer jeito
E se eu colar meus pedacinhos,
Será que isso tem conserto?
Não! As marcas não saem
Em quanto tiveres vida
Haverá sempre a ferida.
Então, caneta para quê escrever?
Já te disse!
Para alguém que queira ler.
E quando eu desencarnar?
Aí sim!
Tudo vai passar.
Canoas, 13/02/98